Pesquisar

terça-feira, 12 de abril de 2011

Entrevista com Marcos Pontes: A ligação entre Brasil e Rússia no espaço


Marcos Pontes: A ligação entre Brasil e Rússia no espaço



Assim como Yuri Gagarin marcou a história da humanidade ao ser o primeiro homem a ir ao espaço, Marcos Pontes, 48 anos, também alcançou uma posição de destaque para o programa espacial brasileiro. Em 29 de março de 2006, o paulista foi a primeira e até hoje a única - pessoa nascida no País a participar de um voo espacial, a bordo da nave russa Soyuz TMA-8, em uma viagem batizada de Missão Centenário em homenagem aos 100 anos do voo de Santos Dumont no 14-bis. Após dez dias em órbita, Pontes regressou à Terra, pousando no deserto do Cazaquistão. Recentemente, ele lançou o livro Missão Cumprida. A história completa da primeira missão espacial brasileira, onde conta os bastidores da viagem. Em entrevista exclusiva ao Terra, Pontes falou sobre os 50 anos do feito de Gagarin e sobre o futuro da programa espacial brasileiro.

Terra - Há 50 anos o primeiro homem chegou ao espaço e há cinco anos um astronauta brasileiro participou de uma missão espacial. O que você acha disso?
Pontes - Eu acho essa coincidência bastante interessante, mas quero destacar que também faz 50 anos que o Brasil participa das atividades espaciais. O nosso país foi o quarto a entrar no programa espacial, em 1961, atrás apenas da União Soviética, dos Estados Unidos e da França. Mas o mais importante dessas três datas é que elas servem para marcar na história esses feitos e para motivar os jovens a seguir esses passos. Não necessariamente para serem astronautas, mas principalmente para incentivar eles a gostar de ciência e tecnologia.

Terra - Você participou de um treinamento de 5 meses antes do lançamento. Como foi recebido pelos russos na base onde Gagarin partiu para o primeiro voo espacial?
Pontes - Eu fui muito bem tratado pelos russos, eu não sabia exatamente o porquê, mas eles me tratavam muito melhor que os outros astronautas. Depois eu descobri que eles achavam que eu tinha o sorriso de Gagarin, o que me deixou muito honrado. Diziam que o comportamento era parecido e até a mesmo a nossa data do nascimento é próxima, eu sou do dia 9 de março e ele do dia 11. Isso me deixou muito feliz e honrado, eu fui muito bem recebido por eles.

Terra – A trajetória de Yuri Gagarin inspirou a sua carreira como astronauta?
Pontes - O meu sonho na verdade sempre foi ser piloto, a carreira de astronauta veio naturalmente. Mas o Yuri Gagarin foi muito importante na minha carreira. Quando eu fui para a Rússia fazer o treinamento antes da missão, foi difícil porque eu tinha cinco meses para entender o sistema deles, que é diferente do que eu havia me preparado na Nasa. O idioma também é muito difícil e eu estava longe da minha família. Mas em cada dificuldade eu pensava em Yuri Gagarin, na sua coragem. Eu olhava para a estátua dele no centro russo e isso me dava muita força para superar os desafios. Eu olhava para ele e dizia: ‘eu vou conseguir’”. (Marcos Pontes partiu para o espaço da mesma base onde Gagarin havia se lançado, no dia 29 de março de 2006).

Terra - Qual a importância da missão Centenário para o Brasil?
Pontes – A missão foi criada no momento em que precisávamos consolidar nosso programa espacial. Até então, muita gente não sabia que o Brasil tinha programa espacial. Nós conseguimos cumprir os quatro objetivos propostos: incentivar as pesquisas na microgravidade, mostrando aos nossos cientistas que é possível realizar experimentos nesse outro ambiente. Em segundo lugar, mostrar para a população que nós temos um programa espacial e que isso é importante para o país. Em terceiro, promover uma ação de visibilidade internacional no ano do centenário de Santos Dumont para homenageá-lo. Eu levei até um chapéu semelhante ao de Dumont e usava nas entrevistas. Assim como os Estados Unidos divulgam seus heróis, como os irmãos Wright, nós temos que fazer o mesmo.

Terra - Quais foram os maiores desafios antes de cumprir a missão?
Pontes - Existe um período meio negro da participação do Brasil no programa da Estação Espacial Internacional, quando o País quase foi expulso, isso entre 2000 e 2001, porque tinha que fabricar algumas peças e não o fez. Cada nação que participa do programa espacial tem a missão de produzir algumas peças no seu próprio país para serem enviadas à Estação Espacial. Em troca dessas peças, o país tem o direito de fazer experimentos no espaço, de mandar astronautas para lá. Mas o Brasil nunca fabricou isso e nós estávamos ameaçados de ser expulso, de perder tudo. Era uma coisa que fugia da minha aérea de atuação por ser mais gerencial, mas eu tive que me envolver para o Brasil não cair fora do programa. Felizmente isso não aconteceu. Também enfrentamos problemas com o lançamento da missão, até um dia antes de ser lançado ao espaço eu ainda não tinha certeza se a missão seria realizada. O Brasil não tinha pago o montante necessário de US$ 10 milhões. São problemas políticos que acabaram sendo resolvidos.

Terra - Como você vê as críticas ao montante investido na missão Centenário?
Pontes - Definir os custos de uma missão não é minha tarefa, eu sou astronauta e a minha função é executar. Quem cuida disso é a Agência Espacial. Se eu fosse piloto de uma companhia aérea, por exemplo, não teria como interferir no preço das passagens. Mas eu acho importante destacar para quem acha o montante (US$ 10 milhões) caro, isso corresponde a no máximo R$ 0,10 por habitante do Brasil. Se compararmos com o custo de outras coisas, como por exemplo o custo que a corrupção representa aos brasileiros, que é de R$ 15,00, ou o do consumo de tabaco, que é de cerca de R$ 80,00, percebemos a diferença.

Terra - Você pretende participar de outra missão?
Sim, eu continuo morando em Houston (Estados Unidos) à disposição do Programa Espacial Brasileiro. Sonho muito com outra missão, mas isso depende de uma decisão do governo brasileiro. Por enquanto, estou focado em motivar jovens para as carreiras de ciência e tecnologia e trazer recursos humanos para a área espacial. Venho ao Brasil todos os meses porque participo da criação do curso de Engenharia Aeroespacial da USP (Universidade de São Paulo) para formar engenheiros preparados para atuar no nosso programa espacial.

Terra - Em função da falta de incentivos para a pesquisa espacial, como você vê o futuro do programa espacial brasileiro?
Pontes - A missão Centenário teve grande importância para alavancar o programa espacial e a gente espera que isso tenha continuidade. Lógico que a gente tem um monte de problema ainda pela frente. Eu fui à posse do novo presidente da Agência Espacial, o Marco Antônio Raupp, que é uma pessoa extremamente competente e nessa ocasião o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloísio Mercadante, disse que o governo vai aumentar a prioridade para o programa espacial. Eu fui pessoalmente falar com ele para confirmar isso e espero que seja cumprido. Só para se ter uma idéia, nos dois últimos anos, o programa espacial perdeu 50% do dos recursos previstos em cada ano. E o nosso orçamento já é extremamente reduzido quando comparado com outros países, que desenvolveram seus programas muito depois de nós. Os avanços vão depender muito da capacidade de visão do governo em dar prioridade para o envio de satélites e a formação de pessoal. Temos um caminho longo pela frente nos próximos anos. Assim como em uma grande obra, a gente precisa primeiro montar as bases, construir as ruas, para depois fazer os prédios. Depois disso, que eu acredito que leve cinco anos, acho que o desenvolvimento do nosso programa espacial vai ser mais rápido.

Terra – Qual a sua opinião sobre o futuro do programa espacial no mundo?
Pontes - Eu acho que o que nos espera é um período de dificuldade, mas também de criatividade. Essa dificuldade vem principalmente do fator econômico. A gente vê claramente que os países considerados os mais ricos do mundo passam por problemas econômicos sérios, como é o caso dos Estados Unidos e dos países da Europa. Isso implica numa maior cautela na utilização dos recursos. A Nasa, por exemplo, já está sentido os efeitos e está mudando a política de aplicação das verbas para se adequar à nova realidade. Em vez do desenvolvimento de tecnologia dentro da própria agência espacial, são contratadas empresas privadas para fazer o projeto e executá-lo. Isso incentiva a criação de novas empresas e a geração de empregos. É uma mudança significativa, muitos funcionários vão migrar para o setor privado e isso também vai exigir maior criatividade dos técnicos na realização dos projetos.

Terra - Qual a sua opinião sobre o turismo espacial?
Pontes - Eu acho que o turismo espacial vai ser cada vez mais incentivado e nos próximos cinco anos deve começar com voos suborbitais e depois com voos orbitais. Isso é interessante porque, em primeiro lugar, gera empregos. Apesar de eu ser um astronauta, tenho os pés no chão, ou seja, vejo que não adianta ter um grande projeto espacial se isso não tem aplicação na Terra. O turismo no espaço gera empregos para diversos profissionais, inclusive para os astronautas que podem se tornar pilotos desses voos. E também é importante destacar que, a partir do momento que se tem interesse econômico de empresas privadas, você tem mais desenvolvimento de sistemas, de segurança também.

Terra - Qual a importância da pesquisa espacial no futuro?
Pontes - O clima no mundo está mudando, não sabemos exatamente se isso se deve a ação do homem, mas o certo é que a situação está cada vez mais difícil, porque são enchentes, desmoronamentos, cada vez mais desastres naturais que provocam a morte de muita gente. Os satélites, por exemplo, são fundamentais para acompanhar a situação do clima, eles passam dados precisos que também são úteis para a agricultura. Isso é uma contribuição fundamental da pesquisa espacial para qualquer país se prevenir dos desastres climáticos e evitar a perda de vidas.

Terra - Qual a sensação de ser o único brasileiro a partir para uma missão no espaço?
Pontes - Na hora eu sentia uma série de emoções, eu pensava: ‘estou cumprindo a minha missão, estou chegando lá’, mas também sentia a pressão de fazer tudo certo: ‘eu não posso errar’. Era muita ansiedade. Mas no meio de todas essas emoções da partida, o mais forte e interessante foi o sentimento da honra de poder decolar exatamente do mesmo lugar que o Yuri Gagarin decolou há 50 anos. Era como se ele estivesse ao meu lado durante o lançamento, me incentivando.


fonte: http://www.terra.com.br/noticias/ciencia/infograficos/primeiro-homem-a-viajar-pelo-espaco/

As maiores tragédias espaciais


Não foram só momentos célebres, como a primeira viagem do homem ao espaço ou a chegada à Lua, que marcaram os últimos 50 anos da conquista do espaço pelo homem. Muitas tragédias também fizeram parte desta história e motivaram as agências espaciais a reestruturarem seus sistemas e suas regras de segurança. Veja alguns casos:
Janeiro de 1967:
Três astronautas americanos da nave Apolo 1, Virgil Grisson, Ed White e Roger Chafee, morrem em um incêndio na plataforma de lançamento, enquanto realizam um teste de contagem regressiva e decolagem.
Abril de 1967:
O cosmonauta soviético Vladimir Mikhailovich Komarov torna-se o primeiro homem a morrer no espaço. O paraquedas de sua nave falhou no retorno e a nave caiu na Terra.
Junho de 1971:
Três cosmonautas soviéticos morrem durante a reentrada na atmosfera terrestre, após 24 dias em órbita na estação espacial Salyut 1. Foi um recorde de permanência.
Março de 1980:
Cinco técnicos morrem no Cosmódromo Plesetsk, da Rússia, quando um foguete Vostok explodiu durante reabastecimento. O incidente foi apenas anunciado em 1989.
Janeiro de 1986:
Sob uma temperatura quase ao ponto de congelamento, as autoridades da Nasa ordenam o lançamento do Challenger. Setenta e dois segundos depois, a nave explode no ar, causando a morte de seus sete tripulantes, dentre as quais a primeira professora a viajar ao espaço. A investigação do acidente determinou que tinha sido causado pelo congelamento de um dos anéis de união do foguete impulsor. Desde então, os engenheiros da Nasa corrigiram essas peças, e mesmo assim suspenderam o lançamento de naves quando a temperatura no Centro Espacial Kennedy estiver próxima de níveis perigosos.
1º de fevereiro de 2003:
Os sete ocupantes do Columbia morrem quando a nave encerrava uma até então bem-sucedida missão espacial. O ônibus espacial se desintegrou na sua volta à Terra, como resultado de uma perfuração na asa esquerda, provocada pelo desprendimento de um pedaço da espuma de isolamento de um setor do tanque externo. A tragédia levou a Nasa a cancelar as operações das naves e a atrasar a construção da Estação Espacial Internacional. Os voos foram retomados quando os engenheiros da agência espacial realizaram uma série de modificações no tanque externo, para evitar uma tragédia similar.

50 anos: o homem conquista o espaço

50 anos: o homem conquista o espaço


O sonho da exploração espacial pelo homem se tornou realidade no dia 12 de abril de 1961, com o lançamento da cápsula Vostok 1, que carregava o cosmonauta soviético Yuri Gagarin. Com apenas 27 anos, Gagarin tomou seu lugar na história como o primeiro homem a sair dos limites da atmosfera terrestre e entrar no espaço.
Às 9h08 do horário local, o cosmonauta decolou da plataforma de Baikonur, no Cazaquistão, então república da antiga União Soviética, para um voo que durou uma hora e 48 minutos e consistiu de uma volta elíptica em torno da Terra, a 302 km de altitude. "Da altura cósmica, a Terra é vista com nitidez, se distinguem claramente as montanhas, as costas e as ilhas", escreveu Gagarin no relatório oficial sobre o voo.
Durante a viagem, ele não teve controle da nave porque ainda não se sabia precisar os efeitos da falta de gravidade sobre o corpo humano e os especialistas tinham medo que ele perdesse o controle de si mesmo e colocasse em risco a missão. Havia, porém, uma chave lacrada que permitia ao cosmonauta assumir o controle da cápsula em caso de emergência.
O retorno à Terra representou um grande risco: a Vostok não tinha recursos técnicos para pousar na superfície, e Gagarin, a 7 mil m de altura, teve que abandonar a nave em queda livre, com a ajuda de um assento ejetável, e aterrissar com o paraquedas. Felizmente, Gagarin pousou em uma fazenda na região de Saratov, a quase 400 km de distância do lugar onde as brigadas de resgate o esperavam. Os moradores da localidade pensaram no início que se tratava de um espião americano.
O pouso de paraquedas não foi confirmado oficialmente pela União Soviética no primeiro momento. As equipes que lideraram a missão tinham medo que a viagem ao espaço não fosse reconhecida pelas regras internacionais. Isso não aconteceu, e o feito de Gagarin foi manchete nos jornais do mundo todo.
Cinquenta anos depois, a missão do jovem cosmonauta, que se lançou ao desconhecido para marcar história, continua impressionando e influenciando muitas pessoas. O primeiro e único astronauta brasileiro a participar de uma missão espacial, Marcos Pontes, se diz inspirado pela trajetória do herói russo.
“Quando eu fui para a Rússia fazer o treinamento, antes da missão, foi muito difícil porque eu tinha cinco meses para entender o sistema deles, que é diferente do que eu havia me preparado na Nasa. O idioma também é muito difícil e eu estava longe da minha família. Mas em cada dificuldade eu pensava em Yuri Gagarin, na sua coragem. Eu olhava para a estátua dele no centro russo e isso me dava muita força para superar os desafios. Eu olhava para ele e dizia: eu vou conseguir’”.
Marcos Pontes partiu para o espaço da mesma base onde Gagarin havia se lançado, no dia 29 de março de 2006.

domingo, 10 de abril de 2011

Site mostra os planetas do Sistema Solar em tempo real e de diferentes ângulos

Site mostra os planetas do Sistema Solar em tempo real e de diferentes ângulos

O sistema solar não é mais um grande mistério para os usuários da internet. O Solar System Scope (SSS), ou Telescópio do Sistema Solar, é um site criado por quatro fãs de astronomia eslovacos que mostra o espaço em uma animação em três dimensões. No site, o usuário pode mover o sistema solar e observá-lo de diferentes ângulos somente com o movimento do mouse.
De acordo com os criadores do site, em entrevista ao Terra, eles trabalham com multimídia para "popularizar a astronomia entre as pessoas, especialmente os jovens". Outro objetivo é oferecer ilustrações de "posições celestiais em tempo real com planetas e constelações, movendo-se sobre o céu da noite".
O SSS disponibiliza aos usuários três formas de ver o Sistema Solar. A primeira delas, a visualização Heliocêntrica mostra a movimentação dos planetas em tempo real. Se a data e a hora são modificados, os movimentos dos planetas podem ser observados. Também podem ser configurados os tamanhos dos astros e as distâncias entre eles
Outra opção de visualização é a Geocêntrica, que tem as mesmas opções, mas mostra a órbita dos planetas com a Terra como foco central, e não o Sol. A última delas, a visão Panoramática, permite observar constelações a partir de lugares selecionados na Terra.
A partir da próxima semana, o SSS promete disponibilizar o "Desktop Clock", que oferecerá os cálculos dos horários de nascer e pôr do sol, horas e datas de mudança de Lua, solstícios e equinócios, períodos em que marcam o início do inverno, e da primavera e do outono, respectivamente.
A ferramenta usou cálculos da Nasa, a agência espacial americana, para posicionar precisamente todos os objetos celestiais. Segundo os desenvolvedores do site, a ideia foi fazer um modelo tão amigável que qualquer pessoa pudessem entender o movimento dos planetas e reconhecer as constelações. O site permite também que o usuário calcule a distância entre os planetas em determinado momento.
"Nós estamos apenas começando, mas queremos melhorar o caráter educacional do projeto. Queremos popularizar a astronomia, especialmente entre os jovens", afirmou Mito Sadlon, líder da equipe que administra o SSS.
Mito promete uma versão do sistema em português em breve. O site pode ser acessado pelo endereço www.solarsystemscope.com.


Veja o vídeo:


Veja as fotos: